A gente vê certas coisas acontecerem na TV, na casa do vizinho, mas nunca acha que também pode passar por aquilo na pele, né? Sei lá porquê, temos a mania besta de achar que somos inatingíveis. Bem, eu pensava que fosse. Acreditava cegamente que tinha tudo sob controle. Até que tive minha primeira crise. Sim. A dona ansiedade encontrou uma portinha meio aberta e resolveu entrar em minha vida.
Não me lembro direito o dia e nem o motivo. Só sei que foi horrível! De uma hora para outra bateu um desespero, um medo de tudo e todos que estavam por perto, uma sensação de que eu poderia me desintegrar fácil, fácil. Sabe qual a pior parte disso? É que a gente é rotulado por causa da doença. Sim. Você vira a ansiosa, o ansioso. As pessoas começam ter um certo receio de que a qualquer momento você chore ou tenha dificuldades para respirar.
Ninguém entende bem o que se passa na sua cabeça num momento de crise, mas algumas almas boas se oferecem para pegarem um copo d’água, preparar um chazinho e depois somem, como se tivessem ingerido uma porção mágica. Isso dá raiva, claro. E dá raiva porque quem tem ansiedade não tem isso por que quer. Na mais deselegante das hipóteses, a pessoa vai sumir antes mesmo de te presenciar em apuros. Basta que você fale sobre o assunto.
Alguns parágrafos não são o suficiente para que eu consiga explicar as inúmeras sensações desagradáveis que a ansiedade traz consigo, mas se eu puder te pedir uma coisa, peço para que se por acaso você me ver ou ver outra pessoa por aí chorando, em plena crise, mais que se oferecer para buscar calmantes, oferte seu ombro. E se não for muito abuso, seus ouvidos também.
Quem tem ansiedade, ao invés de indiferença, quer e necessita ser acolhido. Afinal, por trás das lágrimas repentinas, das palavras embaralhadas, dos pensamentos confusos, há sempre uma questão maior. Uma questão que às vezes demanda um auxílio especializado para ser resolvida, entende? Todo mundo tem problemas e debochar dos alheios, não vai fazer com que a solução para os seus venha. Não seja mais um insensível na fila do pão.