“Sonhei com ela hoje à noite, não sabia onde eu estava e muito menos o que estava fazendo, ela deitou sua cabeça em meu colo enquanto olhava para cima. Quando olhei para ela parecia que estava vendo o mar no reflexo de seus olhos. Me senti tão infinito com ela, em meu ser, percebi os milésimos de segundos acabando. No fundo, no fundo, eu sabia que era tudo um sonho, mas inevitavelmente tentava repetir pra mim mesmo que não era, assim doía bem menos.
Sabe aqueles sonhos que todos temos inúmeras vezes na vida; aqueles em que ficamos podres de rico do nada, que viramos uma estrela do rock só por que alguém nos ouviu cantando debaixo do chuveiro, ou quando do nada todos começam a se importar contigo de verdade e você fica super querido, e que quando você acorda e acha o sonho mais bizarro do mundo, mas não acha inalcançável? Tais sonhos doem infinitamente menos se comparados aos sonhos que tenho com ela.
Eu sei que são águas passadas, que devemos retomar sempre de onde paramos. Que existem inúmeras pessoas lá fora, que isso que estou sentindo é passageiro e que tenho uma imensa oportunidade de ser feliz em breve… O chato é meu corpo, imaculado com minha mente, não coopera. Como uma abstinência infeliz e necessária, ele diz que precisa muito dela, e que não sabe se recuperar sozinho.
Sei que isso não é verdade, eu sei que vai passar, quero e preciso muito disso”.
Texto para quando a dor for forte demais, e a esperança estiver longe, quase impossível de enxergar. Para entender que todas as tempestades por mais fortes que sejam, vão passar, e podem até deixar uma destruição incalculável e sua auto-estima lá no chão, mas o que vier depois disso, te fará sorrir, amar e se iludir novamente. Isso é um ciclo necessário da vida.
Texto de Dinho Amorim
foto Stefano Zocca